vem sendo.

abril 2, 2012

não quero conversar, não quero prestar atenção

só quero caminhar pra algum lugar:

onde você esteja, onde eu te veja

materialmente.

 

onde você fique

feliz em me ver.

faz tanto tempo que não choro.

fevereiro 12, 2012

sou tão fraca que à luz do primeiro pensamento que ouso relembrar-te, fujo pra outro pensamento, outro livro, outra música, outros amigos, outras saídas, outras faltas, outras vozes, outras coisas, outras, qualquer coisa.

menos o teu rosto, esse eu não quero lembrar porque eu morro.

difícil esta imensidão, porque tudo fica tão pequeno perto disto.

vai dar pé.

fevereiro 5, 2012

alguma palavra

que traduza esse meu sentimento bom

o amanhã: muito hesitante e inquieto pra pousar cabeça

há sempre o risco de não entenderem ou enxergarem a tua caminhada e o teu querer

mas calma, calminha.

 

na confusão de tantos sentimentos; aflitos e medrosos

queria uma palavra que exprimisse que:

hoje, era pra ser intranquilo o acordar, mas que estranho

é de paz.

 

tranquiliza-te pois

vai dar pé.

e ao amanhã a gente não diz

deixa ele pra gente sorrir.

o que me salva.

novembro 7, 2011

Reconhecer
que é só quando se está disposto a deixar que entre esta alegria é que se faz o encontro.

Ter
maturidade suficiente para deixar que as pessoas circulem pelo emaranhado da minha vida. Sem pedir que elas fiquem. Eu não as possuo. Eu as quero livres.
Isso, deixar que as pessoas sejam. É amor, ou carinho, ou cuidado, ou qualquer-outro-nome-para-esse-sentimento-bom. O resto se reduz ao egoísmo, meu egoísmo. Batalha travada desde sei lá quando.

Vê se me entende: é bom que a gente se esforce pra ser feliz. Utopia ou não, é bom que a gente se esforce para a vida.
Acordo e algumas frases me alertam para um querer imenso: “luz nas trevas”; “nenhuma palavra torpe saia da vossa boca senão para a edificação do outro”; “começa no coração, e este não se comunica pacificamente com teu cérebro, menina”.

Simultaneamente, ouço uma voz um tanto conhecida que me diz: minha filha, vá viver.

começou.

outubro 26, 2011

misto de raiva e saudade. uma culpa que não cabe em mim.
um martírio.
já sinto vontade de morrer. pra estar perto, pra pedir perdão.
foi o que ficou: um desespero tardio porque é culpa.

quando esse desespero vem é sempre a mesma imagem na cabeça. eu, descontrolada, tentando tirar ele daquele lugar, de dentro daquela caixa, gritando o nome dele. as pessoas olhando pra mim. cheio de estranhos no lugar. tenho certeza que nem metade daquelas pessoas gostavam dele. estão lá por compaixão a mim e a minha família. vocês não entendem. se não entendem não têm o direito de pegar no meu ombro e dizer que tudo está nos planos de deus. meu pai não é igual aos outros. ele não esperava que vocês lhe dessem a mão. ele foi sozinho. desde o começo. sem pai, sem mãe. ele não espera que vocês chorem por ele. me deixa sozinha com ele. grito mais forte pra ver se ele ouve e acorda. gente tentando me tirar de perto. me deixa em paz. me deixa com ele. minhas amigas tentando me acalmar. grito pra elas saírem. grito o nome dele. ele não levanta. não olho o rosto dele pois sei que aquilo tudo é brincadeira e ele vai entrar pela porta rindo da minha cara. grito alto. volta. olha pra mim. não adianta. me tiram de lá. odeio todo mundo e só gosto dele. quero ir até o buraco que cavaram e ficar lá pra morar com ele. pensem o que quiser. eu quero viver com ele.
não deixam.
não me deixam escolher.
eu sou obrigada a levar esse constante martírio de viver e reviver o que me dói. por você, mãe, pois eu sei que você não suporta mais nenhuma perda. nenhuma queda. nenhuma lágrima.
entenda que é só por você, por ele, e pelo pequeno. entenda.

enquanto isso, vivendo por outrem, espero teu sorriso entrando pela porta dizendo que você adora uma aventura e que tudo não passou de uma brincadeira.
estou esperando.

Tudo que eu quero na vida ou Até a vida eu daria.

outubro 16, 2011

É, eu sei que meu desespero é tardio e não te traz de volta. Também sei que já há o cansaço dos meus olhos e dos ouvidos dos outros. É sempre o mesmo murmúrio. Agora dei pra abraçar gente estranha, pois é dor que não cabe num corpo só, tentando de outras formas esquecer. Mas esse esquecimento é só um reflexo da minha insana vontade de te ter por perto.

Saudade, palavra que dói. “Saudade do que poderia ter sido e não foi”. Dói na entonação, nas sílabas, na música do Camelo. Dói cada nota. “Caberia a quem dizer: amor, eu vivo tão sozinho de saudade”.

Amor, o que eu senti por você e não sabia como lidar. Desculpa, eu nunca soube mesmo lidar com o amor. “Às vezes parecem farpas”. Mas o seu amor, eu agora compreendo que foi o mais puro, o mais lindo, o mais sincero, o que eu sempre tive e não consegui ver. Então é isso? A gente perde pra conseguir entender? Quando a vista não mais alcança é quando aprendemos a ver?

Acordo e fico me perguntando como seria te ver hoje e aprender a virar gente grande com você. Tudo que eu quero pra vida.

Mas, pois é, eu sei que meu desespero é tardio e não traz felicidade de volta.

outubro 5, 2011

Ambiciosamente procuro o que me faz sentido. As palavras vão ficando assim escassas. Assim simples. Assim tocando.
Os meus vão ficando assim bonitos. Assim essência.
Assim palpita.

Um desejo profundo por uma paz. Mas não qualquer paz.
Quero aquela que excederá todo entendimento humano.

science is easy. love takes courage.

setembro 25, 2011

A gente não passa sozinho, a gente sempre deixa um legado.
Não tentemos explicar a validade da ciência e da crença. Embate infinito. Não me diga que a racionalidade vai salvar o mundo porque estou achando que a tentativa de explicação da ciência sobre a fome e a violência fica na explicação. Temos máquina para produzir comida e temos polícia com metralhadoras de última geração. Mata a fome e a violência? Mata é gente.
Não quero explicar, quero compreender. Estou exausta desse mundo que me diz ser são. Vai, me explica como é que é ser humilde e simples. Me explica como amor pode salvar. Difícil né? Mais fácil é o controle.

Mas viver, viver é puro descontrole. Seguir o caminho do amor e da paz é que é a verdadeira loucura. E essa loucura, irmãos, move tudo.

Quero ver quem tem coragem.

do que fica:

setembro 18, 2011

15/09, noite: o teu olhar sobre o meu, misturado de um pouco de paixão, ou quiçá só companheirismo e amizade, me faz querer pensar em nós dois naquele outro dia da tamanha sintonia. E mesmo o que não foi, o que está por vir ou a minha (quase) convicta ideia de que não mais seremos, não me preocupa. Bastou o teu olhar sobre o meu.
16/09, manhã: do encontro, da realização que é conseguir ser feliz por/com uma amiga. Da benção que é ver sentido.
noite: mesmo sem bebida, cigarro, estranhos e música alta, fomos felizes até em lágrimas.
17/09, noite: tocou aquela nossa música, pai. Mas estive tão bem acompanhada que me ajudaram a suportar. Estive tão bem acompanhada e tão alerta ao que me estava sendo passado que cheguei a sorrir em verdade.
18/09, agora: quero viver.

Eu sei, eu sei que tristeza não tem fim, felicidade sim. Mas let it be.

04/09.

setembro 5, 2011

Tarde de domingo aparentemente tranquila. Às 15h uma voz desconhecida chama: “ô, de casa”. Eu deitada na minha cama finjo não ouvir, “alguém vai atender”, penso. Minha mãe atende com uma voz estranha: “peraí, vou buscar o dinheiro”. A voz dela era de choro. Fico na cama sem entender, finjo dormir. “Filha, vai lá ver, minha filha”, minha mãe fala com a voz ainda de choro. “Vai lá onde? Ver o que?”. Corro pra sala e vejo um placa daquelas de quando as pessoas morrem. Tinha um rosto que não era o do meu pai. “Ainda bem que não é o do meu pai”, digo pra mim mesma. O homem desconhecido entra trazendo um envelope. “Pega pra senhora ver o quanto é pesado, a gente vende muito desse. Eu sou pobre mas sou honesto”. Dentro do envelope outra placa. “Não é possível que seja a do meu pai, pra quê tudo isso?” penso. Minha mãe chega com o dinheiro e verifica o peso da placa e pergunta se é em formato de bíblia. Eu sei que ela também não quer ver. Mas o homem tira e mostra metade da placa, aquela metade que vem escrito um versículo, não sei qual é porque mantenho o olhar desviado, mas deve ser aquele que diz mais ou menos que “quem crê em mim ainda que morra, viverá”. É sempre esse versículo pra todo mundo que morre. Eu já começo a recuar, já começo a voltar pra onde eu estava, na cama, dormindo, esquecendo de tudo. Minha mãe quer garantir o dinheiro gasto ainda que doa mais ver a placa inteira. “Ela é toda assim? Escrito em ouro?” Ela pergunta. “Vou tirar de longe, a senhora nem vai ver a foto dele. Aqui ó, com foto, nome e data tudo certinho”. Vejo tudo, a foto, o nome. Não acredito que é o nome dele. Não acredito que é aquela foto. A foto dele brincando comigo de bola, só comigo, brincando. Cortaram só o rosto e nem parece ele. Me recuo violentamente. Volto pro quarto correndo, chorando. Deito na cama e choro. Me recuso. Não aceito esse simbolismo de morte. Não aceito que me mostrem que ele está morto. Me contorço na cama querendo morrer também.

Como? Uma placa simbolizando a morte dele com uma foto de quando ele era vivo. Brincando de bola comigo, com aquela camisa bege. Não faz sentido. Nada faz sentido aqui.

Deito na cama chorando com vontade de quebrar aquela placa. Loucura. Penso que quebrando a placa ele vai estar vivo. Penso que quebrando o simbolismo da morte ele possa reviver. Penso que quebrando a data da morte eu possa trazê-lo pro meu mundo, onde ele vive, onde eu espero o telefonema dele, onde eu chego em casa e ele me recebe de braços abertos.

Não aceito.