a menina.

Fiquei muito tempo olhando para aquela menina, devia ter uns 5 anos de idade. Por alguma razão qualquer eu a conhecia, mas de onde? Remexi na minha memória buscando alguma ocasião onde ela estivesse. Subitamente lembrei. É claro, aquela menina lembrava eu mesma quando pequena. Lembrava em tudo, o rosto, os olhos, os gestos. Enlouqueci, queria de alguma forma tomar aquela menina nos braços e acabar com aquela ausência de tudo que sempre esteve com ela, dizer para ter coragem e alertá-la de tantas dores que teria. A menina se agarrava na mãe com medo de perdê-la, ou talvez por medo das outras pessoas. Olhava para todos, inclusive para mim, com um olhar desconfiado e assustado. Eu queria dizer tantas coisas, conferir se tudo que ela sentia eu também senti, dizer que eu sabia do passado, do presente e do futuro. Queria tanto salvá-la das coisas que eu sabia que iriam acontecer. Mas como alertá-la de todas as tragédias?
Não, não fiz nada. Aquela vontade doida de mudar logo a minha vida foi inútil. Mas continuei a observar, até que ela olhou para mim e sorriu. Assim percebi que tudo que se passou em minha cabeça fora ilusão. A menina que eu fui quase nunca sorria.

Uma resposta to “a menina.”

  1. Carlo Lagos Says:

    Certas horas a gente se pega em cada peça que a vida nos remete, né?

    Torço para que nos próximos dias, meses, anos tudo melhora em nossas vidas e que tenhamos mais sorrisos ao invés de muitas vezes querermos estar escondidos.

    Adoro vc.

    Mallu…Ainda lembra disso? rs

    Incontáveis abraços.

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